19.11.07

APAV anuncia construção de Casa de Abrigo em Vila Real

A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) anunciou hoje a construção de uma Casa de Abrigo na região de Vila Real, para dar resposta aos pedidos, crescentes de apoio, das vítimas de violência doméstica. Em Portugal existem 35 espaços de acolhimento para as vítimas de violência doméstica, dois dos quais da responsabilidade da APAV, localizados em Lisboa e Vila Real.

Elisa Brites, dirigente da APAV em Vila Real, referiu que devido ao aumento dos pedidos de apoio e ao reduzido número de respostas de acolhimento, a instituição vai construir um novo espaço em Vila Real, que deverá estar concluído no final de 2008, num investimento de 400 mil euros. O projecto conta com apoio do programa Interreg III A e vai ter capacidade para acolher 20 utentes em simultâneo. O novo equipamento vai substituir a actual Casa de Abrigo Sofia da APAV, em Vila Real, que apenas possui capacidade para cinco utentes.

De acordo com a responsável, esta casa tem estado «sempre cheia» e, desde que abriu as portas em 2004, já acolheu 53 pessoas. «Neste espaço as mulheres encontram um ambiente de segurança e têm oportunidade de se reorganizarem, recuperarem a auto-estima e desenvolverem capacidades de se tornarem autónomas», salientou.

Elisa Brites falava à margem do seminário «Violência doméstica - realidades transfronteiriças, prevenção e acolhimento», que reuniu entre quinta-feira e hoje, em Vila Real, cerca de 250 técnicos de apoio à vítima e profissionais de todo o país oriundos de mais de 30 instituições públicas e sociais.

No primeiro semestre deste ano, a APAV registou 4330 novos processos de apoio em todo o país, enquanto que, em 2006, a associação desenvolveu 7935 processos. Entre Janeiro e Outubro, o gabinete de Vila Real da APAV registou 300 novos casos, a maior parte relacionados com maus tratos efectuados dentro de casa. Segundo Elisa Brites, 85 a 87 por cento das vítimas são mulheres e têm idades compreendidas entre os 35 e os 45 anos.

Carla Costa, comissária da PSP, referiu que em 2006 a polícia registou 11.638 ocorrências relacionadas com violência doméstica, tendo sido detidas 161 pessoas por crimes relacionados com esta problemática. De acordo com a responsável, entre 2000 e 2006, a PSP deteve cerca de 820 pessoas, numa média de 118 casos por ano. Carla Costa salientou que, em média, a idade das vítimas varia entre os 25 e os 64 anos, sendo que, na sua opinião, há cada vez mais denúncias de maus-tratos por parte de idosas, com mais de 65 anos.

João Lázaro, director executivo da APAV, defendeu uma maior atenção aos idosos e considerou que existe uma «falta de previsão legal» para os casos de relacionados com esta faixa etária. Na maior parte dos casos, disse, estão institucionalizados ou são vítimas de violência no seio da própria família.

A directora da Delegação do Norte do Instituto Nacional de Medicina Legal, Teresa Magalhães, alertou os médicos e técnicos para os indícios ou sinais de violência que as vítimas apresentam e para a denúncia destas situações. «É melhor investigar do que esperar para ver no que vai dar», afirmou. Salientou ainda que as vítimas devem ser encaminhadas para a medicina legal, para recolha de todos os indícios, embora tenha reconhecido que não há cobertura de médicos desta especialidade em todo o país.

A 25 de Novembro assinala-se o Dia Internacional contra a Violência contra as Mulheres, dia em que a APAV lança uma campanha publicitária, com base na imprensa, que pretende alertar para o facto da violência doméstica poder ocorrer em todos os estratos sociais.

Diário Digital / Lusa

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